Estabelecimento é um dos mais tradicionais de Cachoeira; destino das ‘cabeludetes’, como são chamadas as trabalhadoras do local, ainda é incerto
Para quem passa pela discreta casa azul de número 12 próximo à orla de Cachoeira, aquele parece só mais um dos domicílios da região. No espaço, porém, funciona há décadas um dos bregas mais tradicionais da cidade, criado por Renildes Alcântara dos Santos, popularmente conhecida como Dona Cabeluda.
A cafetina, considerada a mais famosa e antiga da região, morreu nesta segunda-feira (6), vítima de um infarto. Com a morte dela, surge a dúvida: quem irá assumir o estabelecimento?Reinildes deixou três filhas biológicas e oito filhos adotivos. Segundo a família, o brega irá agora para a filha biológica mais próxima, Natalice Alcântara. “Tem dívidas, coisas para acertar. Então, eu tenho que tomar a frente e resolver isso”, conta Natalice.
A herdeira, que não mora na cidade, diz ainda estar resolvendo a logística envolvida no comando do brega. Com dois filhos para cuidar, ela precisará ir e voltar de um município para outro com frequência.
Segundo ela, após a morte da mãe, as “meninas” ou “cabeludetes”, como são chamadas as trabalhadoras do local, tiveram a opção de ir embora, mas escolheram continuar na casa. “Era um carinho muito grande. Ela ajudava a todos”.“Ela é nossa matriarca agora, a mais velha das mulheres”, diz o irmão, Aguinaldo de Souza, em apoio.
Enterro parou Cachoeira
A letra de Pagu, canção de Rita Lee dedicada à poetisa modernista Patrícia Galvão, uma das mulheres mais polêmicas e à frente do tempo, ecoou repetidas vezes pelas ruas de Cachoeira na tarde desta terça-feira (7). A cidade do recôncavo baiano parou para acompanhar o cortejo de despedida de Renildes Alcântara dos Santos, conhecida como Dona Cabeluda, cafetina mais famosa da região. Ela faleceu nesta segunda-feira, aos 80 anos, vítima de um infarto.
Fonte:www.correio24horas.com.br