Caso aconteceu em Itajuipe, na terça-feira (27). Subtenente da corporação morreu.
O sargento da Polícia Militar, D’Almeida, um dos baleados durante uma ação que terminou com um subtenente morto e três militares feridos em uma pousada na cidade de Itajuípe, no sul do estado, contou que as vítimas dormiam quando tiveram o quarto invadido por colegas da corporação.
“Nós saímos para jantar de noite, depois retornamos para o hotel. Eu até liguei a televisão um pouquinho, tomei banho e como estava muito cansado, porque dirigi, comi logo e não demorei para dormir”, contou o sargento. “Só acordei com os barulhos de tiro, fui alvejado duas vezes, eu não sei se caí no chão ou se me joguei. Aí os policiais entraram, quebraram a janela e a porta e eu falava gritando o tempo todo: Eu sou polícia’. Ainda assim me alvejaram mais três vezes”, disse D’Almeida.
O caso aconteceu na terça-feira (27). O relato do sargento contradiz a versão da Polícia Militar, que afirmou que uma equipe da corporação foi até a pousada, após receber a informação de que um suspeito de assalto a bancos estava no local e fez abordagens no local.
Conforme o órgão, os quatro militares teriam reagido e foram baleados. Dois deles fariam a segurança do candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União Brasil), que teria agenda de campanha em Coaraci, município vizinho, nesta quarta (28). O caso é investigado pela Corregedoria da PM.
No vídeo, que viralizou nas redes sociais, D’Almeida conta que, baleado, chegou a avisar que também era policial e pediu ajuda, mas não foi atendido. O sargento está internado no Hospital de Base de Itabuna. O estado de saúde dele é estável e não há o risco de morte.
“Me deixaram lá e eu gritando: ‘Eu sou polícia, me dê socorro’. Eles não me deram, eu saí me arrastando até a porta do quarto, chegando lá consegui me encostar na parede, fiquei sangrando muito e um policial o tempo todo apontando um fuzil para mim”, afirmou o sargento no vídeo.
D’Almeida relatou ainda que um dos policiais disse ia matá-lo.
"Ele falava 'cale a boca, deixa de conversa, eu sei quem você é' e eu pedindo a ele socorro. Ele disse que vinha um ambulância de outro município e eu falei: 'a gente está com o carro aí ou se não me dê socorro na viatura'", se recordou.
Simulação de troca de tirosDe acordo com o sargento, ele foi conduzido ao hospital cerca de uma hora depois de ser baleado. só “Eles me conduziram na viatura e ainda assim de forma hostil. O policial o tempo todo falando comigo para ficar quieto, para não abrir a porta'”.No vídeo, D’Almeida também falou que os policiais usaram sua arma para simular uma troca de tiros dentro do quarto. “Fizeram vários disparos com a minha arma dentro do quarto. Eles mesmos dispararam lá e depois me trouxeram para o hospital. Sequer me ajudaram a sair da viatura, eu com o braço com fratura exposta pendurado e eles não me ajudaram”, disse.
Um dos PMs baleados que trabalharia para o candidato foi o subtenente da Polícia Militar, identificado como Alves. Ele morreu na ação.
Alves estava com o colega, sargento D’Almeida, fora do serviço militar. Os tiros que atingiram os dois policiais partiram da Polícia Militar e não tiveram relação com a campanha política, de acordo com a corporação.
Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros dois policiais que também estavam no quarto e ficaram feridos na ação. Eles não iriam trabalhar na campanha de ACM Neto.
A assessoria de campanha de ACM Neto cancelou a agenda da campanha nesta quarta. O candidato se solidarizou com os familiares do subtenente Alves e desejou recuperação ao sargento D’Almeida.
Governador lamenta morte
Em uma postagem feita em redes sociais, no final da manhã desta quarta-feira, o governador Rui Costa lamentou a morte do subtenente. Ele afirmou que, ao ser notificado do caso, acionou as autoridades competentes para que a apuração seja feita.
"Tão logo tomei conhecimento, determinei às autoridades competentes a imediata apuração e esclarecimento do fato. Manifesto total solidariedade aos familiares das vítimas."
Fonte:g1.globo.com/ ba