Grupo é investigado na Operação Falsas Promessas 2, contra lavagem de dinheiro por meio das rifas ilegais.

Influenciadores, PMs e rifeiros são presos na Bahia em operação contra lavagem de dinheiro por meio de rifas ilegais — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Quatro influenciadores digitais foram presos por suspeita de participarem de um esquema de lavagem de dinheiro com rifas ilegais na Bahia. Além dos influenciadores, outros 20 suspeitos foram presos – entre eles rifeiros e policiais.
O grupo foi preso durante a Operação Falsas Promessas 2, deflagrada pela Polícia Civil em 9 de abril. A TV Bahia teve acesso ao processo, que detalha a atuação de cada um dos envolvidos no esquema das rifas ilegais. Entre os crimes detalhados, estão a movimentação milionária entre contas e a escolha de vencedores falsos para as rifas.
Entenda a participação de cada um dos influenciadores no esquema:
Franklin de Jesus Reis
Ramhon Dias de Jesus Vaz
Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, conhecido como Tchaca
José Roberto Nascimento dos Santos, conhecido como Nanam
Franklin Reis

Franklin Reis ficou famoso com conteúdos humorísticos. — Foto: Reprodução/Redes Sociais
A investigações apontaram que Franklin de Jesus Reis desempenhava um papel central na organização criminosa. Ele coordenava as atividades fraudulentas em parceria com o também influenciador Ramhon Dias de Jesus Vaz e o operador David Mascarenhas, com o objetivo de aumentar e ocultar o fluxo de valores ilícitos das rifas fraudulentas.
👉 Segundo as investigações, Franklin usava sua popularidade, mais de 730 mil seguidores em apenas uma das redes sociais, para atrair participantes e fomentar a circulação de recursos provenientes de jogos de azar;
👉 Também foi apontada uma associação direta de Franklin com o filho de Ramhon Dias, que tem 16 anos, para a manipulação de ganhadores fictícios para executar operações fraudulentas que favorecem a página de rifas, “Nekas Rifas”, de sua autoria;
👉 Os dados financeiros obtidos no Relatório de Inteligência Financeira mostraram que Franklin tem uma participação significativa em transações suspeitas, com movimentações que totalizam R$ 6.310.162,84 para atrair participantes e fomentar a circulação de recursos provenientes de jogos de azar.
Ramhon Dias de Jesus Vaz

Influenciador Ramhon Dias foi preso nesta quinta-feira (5), em Salvador — Foto: Redes sociais
Com mais de 428 mil seguidores em apenas uma das redes sociais, Ramhon utilizava essa influência para viabilizar a prática de rifas fraudulentas através da página “Ramhon Realiza Premiações”, com 84,7 mil seguidores.
As investigações apontaram que o esquema contava com a participação ativa do filho dele, de 16 anos. O garoto manipulava as rifas com o uso de CPFs de terceiros e falsificando dados dos ganhadores.
Mensagens e imagens obtidas da extração do celular do adolescente detalharam como as rifas eram manipuladas para simular ganhadores legítimos. Exemplos dessas práticas incluem:
👉 Uso de CPF de Terceiros: Como o CPF de uma mulher, empregado em apostas diversas, alterando apenas o nome fictício e dados adicionais (exemplos: “Patrick de Jesus Vaz” e “Renan Almeida Neto”);
👉 Esquema de Apostas Falsas: Em diálogos no aplicativo whatsapp, o adolescente trocava mensagens com David Mascarenhas para ajustar dados fictícios e gerar “ganhadores” que mascaram o propósito de lavagem de dinheiro.
De acordo com o documento, por causa do padrão de vida ostentado por Ramhon nas redes sociais, onde exibia bens e gastos incompatíveis com uma renda lícita, foi solicitado ao COAF um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) para identificação de fluxos financeiros suspeitos.
O documento revelou informações contundentes sobre o envolvimento do influenciador no esquema de lavagem de dinheiro. Segundo o relatório, Ramhon figura entre os “top 10” dos “envolvidos frequentes” nas comunicações financeiras suspeitas, totalizando 29 comunicações como “remetente” e 25 como “beneficiário” de valores que somam R$ 19.955.648,00 entre 2021 e maio de 2024.
Ainda conforme o relatório, entre 2016 e 2022, Ramhon movimentou R$ 27.291.116,91. As principais fontes de crédito em suas contas são classificadas como transações de origem não identificada.
O Relatório também que Ramhon mantém transações financeiras significativas com membros da organização criminosa liderada por José Roberto Nascimento dos Santos, conhecido como “Nanan”. A Polícia Civil da Bahia considerou que as transações demonstraram a interligação entre os diversos núcleos do grupo criminoso e reforçaram os indícios de que Ramhon atua como peça-chave na movimentação e ocultação dos recursos ilícitos gerados pelo esquema.
Fonte:g1.globo.com/ba