Morador da cidade de Feira de Santana, Damazio Santana dos Santos, o Mazo, registrou ocorrência na polícia. Ele tem recebido ligações de cunho racista.
O candidato a deputado federal pela Bahia, Damazio Santana dos Santos, o Mazo, de 43 anos, teve sua casa pichada com a frase racista ‘Fique na favela’. O caso ocorreu no bairro Caseb, na cidade de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. O candidato registrou o caso na polícia, que vai investigar a situação.
Além disso, Mazo tem recebido ligações anônimas de cunha racista. “Semana passada, eu já estava recebendo ligações anônimas que demonstravam insatisfação com minha candidatura a deputado. Perguntando o que é que eu queria com política. Como se aquele não fosse um lugar que eu pudesse ocupar”, disse ao g1.
Mazo expôs a situação nas suas redes sociais. Ele diz que por já ter passado por situações semelhantes, procurou minimizar a situação, mas mostrou preocupação que o caso ocorresse com outras pessoas.
“Já passei tanta coisa na minha vida que estou meio anestesiado. Eu consigo lidar com isso. Me sinto anestesiado. Agora imagine alguém que não consegue lidar dessa forma. É muito difícil administrar isso, mas o difícil faz parte da minha zona de conforto. É importante seguir buscando ocupar os lugares, por mais que muitos da nossa sociedade não queiram ver pessoas negras em espaço que acham que não pertence aos negros”, contou.
Nesta semana, as mensagens racistas deixaram de ser feitas por telefone e foram feitas diretamente na casa do candidato. A casa de Mazo amanheceu pichada, na terça-feira (20), com frase racista ‘Fique na senzala’.
“Eu estava com minha mãe na parte da frente da casa, e uma vizinha se aproximou e disse: ‘Você já viu isso aqui?’ “, relata.
Marzo, que mora com a mãe de 72 anos, lamentou o ocorrido na própria casa. “Eu fico descrente do ser humano. A gente tenta fazer e dar nosso melhor todo santo dia. Uma situação dessa é muito triste”, relatou.
Ele contou ainda que não pretendia dar queixa na polícia porque acreditava que o caso seria minimizado. No entanto, após registrar a ocorrência, ele elogiou o tratamento recebido na delegacia de Feira de Santana.
“Eu estava descrente de dar queixa porque não sou filho de ninguém famoso, de governador, de nada, mas, graças a Deus, as pessoas que me receberam na delegacia tiveram uma receptividade muito boa. Eu estava com o presidente do partido, que também é advogado, acho que isso pode ter contado também”, relata.
Nas redes sociais, Mazo escreveu um texto onde diz que quando estava em situações onde a presença do negro é normalizada, ele não recebeu nenhum tipo de manifestação. E que as mensagens racistas ocorrem pelo desejo de ocupar um lugar onde o negro não é visto de forma costumaz.
“Quando panfletei nas sinaleiras, as pessoas me enxergavam nesse lugar e aceitavam. Quando trabalhei no shopping como vendedor, as pessoas me enxergavam nesse lugar e aceitavam. Agora que quero ser Deputado Federal, as pessoas não me enxergam nesse lugar e não aceitam. Acabei de sair na frente da minha casa e vi que fizeram essa pichação. Não vou parar de bailar!!”, escreveu.
Apoio ‘de todos os lados’
Mazo conta que há dez anos parou suas atividades de trabalho para cuidar da mãe. Que foi diagnosticada com depressão. “Sou quase um cuidador hoje em dia. Eu entendi, que independente de médico e remédios, eu precisava estar e cuidar de minha mãe”, diz.
Filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), Mazo diz que tem canal de diálogo tanto na esquerda quanto na direita. Ele diz ainda que amigos dos dois lados têm procurado ajudar diante da situação de preconceito que tem sofrido.
“Eu converso com extremos. Eu converso tanto com a galera que é fã de Lula, quanto com a galera que é fã de Bolsonaro. Converso bem com todos, tanto que amigos de todos espectros políticos estão me ajudando nessa situação.”
Fonte:g1.globo.com/ba