Caso ocorreu no município de Serrinha. Três pessoas foram retiradas da fazenda Morrinhos.
Três trabalhadores rurais foram resgatados durante uma operação realizada em Serrinha, a cerca de 60 km de Feira de Santana. Segundo o Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA), eles foram encontrados em situação degradante, que se assemelha a de pessoas escravizadas. O empregador, identificado como Geraldo de Aragão Bulcão, 98 anos, tinha procedimento agendado na Gerência Regional do Trabalho de Feira de Santana nesta segunda-feira (24), mas não compareceu, nem mandou representantes.
Os trabalhadores foram retirados da fazenda Morrinhos, na zona rural do município, na última quinta-feira (20). Eles tiveram as identidades preservadas.
A operação contou com a participação de auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), uma defensora da Defensoria Pública da União (DPU), inspetores da Polícia Rodoviária Federal, além de procuradora e servidores do MPT.
Durante uma semana, os agentes públicos percorreram diversos locais entre os municípios de Irecê e Serrinha para apurar denúncias de trabalho escravo. O único caso em que foi constatado esse tipo de situação foi na fazenda Morrinhos, dedicada à criação de animais, como porcos, bois, ovelhas, galinhas e avestruzes.
Conforme o MPT, apesar de dispor de boa estrutura e um plantel numeroso, a propriedade não garantia condições dignas de trabalho e alojamento para os empregados. Um deles tinha pouco mais de cinco anos de atividade no local e os outros dois trabalhavam no local há três meses.
No momento da chegada das equipes, dois trabalhadores aplicavam agrotóxicos sem qualquer proteção, enquanto o outro cuidava dos animais. O trio vivia em acomodações “extremamente precárias, sem sanitário e sem água tratada”. Além disso, o órgão detalhou que a cozinha funcionava em uma baia ao lado do chiqueiro de porcos, com forte mau cheiro.
De acordo com o MPT, nenhum deles tinha contrato de trabalho registrado. Eles recebiam entre R$ 300 e R$ 500 por semana, cumpriam as tarefas de domingo a domingo, “em jornadas que iam do amanhecer ao pôr do sol sem direito a descanso semanal”. O vaqueiro que trabalhava na fazenda desde janeiro de 2020 contou que só teve um dia de folga durante todo esse período, assim como os dois recém-contratados, que atuavam com aplicação de veneno nas pastagens e serviços gerais.
Fonte:g1.globo.com/ba
Trabalhadores viviam em condições precárias na zona rural de Serrinha — Foto: Divulgação/MPT-BA