A data oficial do Dia Nacional do Surdo é 26 de setembro, mas, em Feira de Santana a ação de impacto será realizada no dia 30
Na comunidade Surda o silêncio fala, e há muito a ser dito. Em Feira de Santana, 26 estudantes surdos e 56 com deficiência auditiva estão matriculados na Educação Municipal e fazem acompanhamento especializado no Centro Municipal de Educação Inclusiva. Durante o Setembro Surdo, mês dedicado à valorização da cultura e identidade surda, a cidade intensifica ações que acontecem nacionalmente com o objetivo de sensibilização, inclusão e afirmação do movimento Surdo.
A data oficial do Dia Nacional do Surdo é 26 de setembro, mas, em Feira de Santana a ação de impacto será realizada no dia 30, no próprio Centro de Inclusão, com uma roda de conversa envolvendo pais e professores e intérpretes de Libras. Entre os dias 22 e 30, acontecerá uma semana de atividades com jogos adaptados, oficinas e vivências em Libras, aberta às famílias.
Segundo Meiry Pires Costa, coordenadora do Núcleo de Surdez e Deficiência Visual, o mês setembro é uma oportunidade de dar visibilidade à luta e às conquistas do povo surdo. “Antes era chamado Setembro Azul, mas a conotação de doença levou à mudança para Setembro Surdo. É um mês de sensibilização para que ouvintes entendam que a Libras é a língua materna do surdo e que todos precisamos ter acesso a ela”, explica.
No município, o processo de inclusão começa na matrícula. O estudante é encaminhado para o Centro de Inclusão, onde terá acompanhamentos no Atendimento Educacional Especializado (AEE) em Libras ( L1) e em Língua Portuguesa (L2) na modalidade escrita, com objetivo de torná-lo bilíngue.
“Não basta apenas disponibilizar um intérprete. É necessário garantir adaptações curriculares, tempo estendido para provas e atividades, além de oferecer um ambiente de convivência com outros surdos. Aqui, eles são alfabetizados em Libras, no turno oposto ao da escola regular”, completa Meiry.
Para Aglaia Muritiba, professora de Libras no Centro, o espaço tem papel essencial na construção da identidade surda.
“Trabalhamos com alfabetização e letramento em Libras por meio de atividades lúdicas e acompanhamentos individuais e em grupos, para que eles desenvolvam a língua e valorizem sua própria cultura visual. Aqui, eles se encontram, interagem e se reconhecem enquanto sujeitos de direitos”, observa Aglaia.
As histórias das famílias mostram o impacto desse suporte. Adriana Luz, mãe de Davi, de 10 anos, conta que passou por um processo de aceitação, uma vez que, a gestação foi tranquila e a irmã gêmea de Davi, Rebeca, é ouvinte.
“Tentamos o implante coclear por duas vezes, mas, não deu certo. Foi só quando conhecemos a Libras que começamos a nos comunicar de verdade. Hoje, a família toda está aprendendo a Língua Brasileira de Sinais, e a relação melhorou muito. Foi uma descoberta maravilhosa, começamos a nos comunicar e entender realmente o que ele quer, o que está sentindo, pois, até então eram gestos e deduções”, afirma Adriana.
Já para Natália dos Santos Silva, mãe de Oscar, também de 10 anos, o processo foi mais tranquilo, já que ela convive com irmãos Surdos.
“Depois que ele começou no Centro de Inclusão, aprendeu muita coisa e ficou mais participativo na escola. Hoje, até os colegas aprenderam Libras para se comunicar com ele. Isso faz toda a diferença”.
Fonte:www.feiradesantana.ba.gov.br
Fotos: Nara Cortez e Raylle Ketlly