Em um café com jornalistas realizado nesta quarta-feira (7), em Feira de Santana, a secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, apresentou um panorama da saúde no estado e no município. Durante a exposição, ela destacou que a cidade, segunda maior da Bahia, enfrenta grandes desafios na área da saúde devido a deficiências na rede municipal e detalhou as ações implementadas pelo Governo do Estado para garantir assistência à população.
Com uma população de 616.272 habitantes, Feira de Santana conta com 133 equipes de Saúde da Família, cobrindo apenas 73% dos moradores. Na saúde bucal, a situação é ainda mais crítica, com apenas 46 equipes atendendo 25% da população. “Para atingir 100% de cobertura, são necessárias 133 novas equipes de saúde bucal, 46 novas equipes de Saúde da Família e a contratação de pelo menos 311 agentes comunitários de saúde, além da construção de 12 novas Unidades Básicas de Saúde”, alerta a secretária estadual.
A cobertura vacinal também está aquém do ideal. Vacinas essenciais, como a BCG, têm cobertura de apenas 50,13%. O Governo do Estado lançou programas como o Vacina Bahia e o Vacina na Escola para impulsionar a imunização, mas a titular da Sesab salienta que é necessário que o município adote estratégias mais eficazes, como a imunização itinerante e a ampliação dos horários nos postos de saúde.
O superintendente estadual da assistência integral à saúde, Karlos Figueredo, ressalta que as unidades de saúde municipais estão inadequadamente equipadas e são insuficientes. “A Maternidade Inácia Pinto, com 31 anos de existência, transfere todos os casos complexos para o Hospital Estadual da Criança, sobrecarregando a rede estadual. Mais de 60% dos casos pediátricos e 85% dos adultos que poderiam ser resolvidos nos postos de saúde acabam sobrecarregando a rede estadual”, avalia.
Consequências graves
Essas deficiências resultam em consequências sérias. Cerca de 21% das internações hospitalares na macrorregião são por condições sensíveis à atenção primária, como doenças preveníveis por imunização, pneumonias e hipertensão.
Em contraste com a gestão municipal, o Governo do Estado tem investido fortemente em saúde. Em 2023, foram aplicados R$ 10,04 bilhões em toda a Bahia, e até agosto de 2024, mais R$ 6,55 bilhões. Esses recursos permitiram a criação de 2.952 novos leitos, dos quais 1.072 são estaduais e 1.880 contratados. Em Feira de Santana, especificamente, foram adicionados 162 novos leitos no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) e no Hospital Dom Pedro.
Atendimento garantido pelo Estado
Atualmente todos os pacientes de Feira de Santana que necessitam de internação de média e alta complexidade hospitalar são atendidos pelo Governo do Estado. Mais de 73% dos pacientes são acolhidos em unidades estaduais na cidade ou em instituições que possuem contrato com o governo estadual. Os demais são transferidos para unidades em Salvador, Santo Antônio de Jesus e Alagoinhas.
O governador autorizou recentemente a reforma e ampliação do HGCA, com um investimento de R$ 48,5 milhões, e a construção do Serviço de Verificação de Óbitos, cujas obras estão 38% concluídas, ao custo de R$ 3,52 milhões.
Inovações e destaques da rede estadual
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), o maior do interior do estado, tem se destacado com inovações, como a primeira cirurgia de remoção de tumor cerebral com paciente acordado na Bahia e a primeira angiografia intraoperatória do estado.
Já a Policlínica Regional de Saúde realizou 437.211 atendimentos desde a inauguração, com quase 30% dos pacientes vindos de Feira de Santana. Infelizmente, a prefeitura de Feira de Santana é o único município inadimplente do consórcio que faz a gestão da unidade, com uma dívida que supera os R$ 800 mil.
Para complementar a rede pública, o Governo do Estado firmou contratos com diversas unidades privadas e filantrópicas, totalizando investimentos anuais de R$ 577 milhões. Esses contratos abrangem desde cirurgias cardíacas até transplantes de órgãos, garantindo acesso a tratamentos de alta complexidade.
Repasses e gestão de recursos
Dos R$ 197 milhões repassados pelo Ministério da Saúde para Feira de Santana, a Prefeitura fica com 58,37%, enquanto o Governo do Estado fica com 41,62%. Mesmo com menor participação, o Estado está comprometido em utilizar esses recursos de forma eficiente para melhorar a saúde da população.