Felipe Nunes avalia, em entrevista ao CORREIO, o cenário político na Bahia e no Brasil
A eleição de 2026 na Bahia tende a ser uma das mais acirradas das últimas décadas. Segundo o cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes, o cenário no estado está aberto – e isso se deve, em grande parte, à queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O enfraquecimento de Lula, no entanto, vai além das falhas na comunicação do Planalto. Mesmo com as recentes mudanças na equipe responsável por divulgar as ações do governo, os índices de desaprovação seguem altos. Para Nunes, o problema é mais profundo: há um desgaste na imagem do próprio presidente, alimentado pela percepção de que Lula se distanciou das demandas populares e por uma frustração crescente com promessas não cumpridas.
O governo Lula promoveu mudanças em sua equipe de comunicação, mas isso não se traduziu em uma melhora nas pesquisas de opinião. Pelo contrário: a maioria dos eleitores continua desaprovando a gestão do petista. O problema do governo Lula, então, vai além da comunicação?
Já tem um tempo que a gente tem avaliado que a comunicação do governo tem um problema, principalmente, porque há uma dificuldade grande do Lula de conseguir se conectar com esse mundo digital. Acho que isso está muito bem documentado. Mas a manutenção dos indicadores de reprovação no patamar alto confirmam essa ideia de que sim, o governo está com dificuldade para além da comunicação. E a dificuldade tem a ver com o quê? Eu acho que, primeiro, com um certo desgaste de imagem do próprio presidente, uma ideia de que ele se desconectou da população, de que ele hoje compreende menos os anseios, os desejos da população. Dois, uma incapacidade do governo de cumprir suas promessas. Três, que eu acho o elemento mais importante, que é a incapacidade do governo de dar respostas e ser de fato capaz de mudar a percepção que, pra mim, é a mais relevante de que o Brasil está indo na direção errada. 61% dos brasileiros acham que o país não está indo na direção certa. Isso é muito difícil quando você está pensando num projeto de poder de futuro. Não é sobre o que está acontecendo agora. É sobre para onde o governo está levando as coisas. Então, não é só comunicação não. É um problema político muito maior.
Há ainda um favoritismo de Lula para a eleição de 2026?
O mais impressionante dessa pesquisa da Quaest (divulgada no dia 4 de junho) é que, se a eleição fosse hoje entre Lula e Bolsonaro, o resultado seria idêntico ao de 2022, três anos depois. Lula teria 41% e o Bolsonaro 41%. Ou seja, estão numericamente empatados, que foi o que aconteceu na eleição de 22. Lula é um incumbente. É o nome mais conhecido no Brasil, é o nome que mais disputou eleição no Brasil, tem recall, tem imagem, tem tudo isso. E o incumbente sempre é favorito nas eleições nacionais. Então, ele continua sendo o homem a ser desafiado. Agora, essa competitividade vem diminuindo ao longo do tempo, e outros nomes, como Tarcísio (Freitas), (Romeu) Zema, (Ronaldo) Caiado, Michelle (Bolsonaro), começam a aparecer como nomes que podem enfrentar o Lula em pé de igualdade. Eu acho que essa é a grande novidade da pesquisa, que mantém o Lula como o cara a ser batido, mas que dá força a esses outros nomes para chegar a competir.
Fonte:www.correio24horas.com.br
Felipe Nunes, diretor da Quaest e cientista político Crédito: Divulgação