Conheci, na cidade de Porto Alegre, um casal, Rafael e Luzia, que desejavam muito ter filhos. Os anos foram passando e uma vida nova não surgia. Já pensavam em adotar uma criança quando, certo dia, veio a notícia tão esperada. A médica disse à Luzia: “Você está grávida!”. A alegria aumentou naquele lar e, no dia do nascimento do filhinho, a família fez uma grande festa.
O NASCIMENTO de Jesus trouxe-nos alegria ainda maior. Ele, entrando na família humana, veio trazer a certeza do amor de Deus e a salvação para todos. Desde então, a promessa feita aos antepassados se realizou e a esperança de perdão e de fraternidade entrou na história humana. É essa alegria que vivemos cada ano celebrando o Natal de Jesus Cristo, Salvador da Humanidade.
NESTE Natal, somos convidados a defender o direito que toda a criança tem de nascer. Que sentido têm os presépios, os pinheirinhos, os presentes e as festas de Natal em família, se nós continuarmos negando às crianças o direito de nascer e de viver? No Brasil, hoje, está aumentando o crime hediondo que elimina, no seio materno, a vida nascente. Precisamos pedir a Jesus, criancinha no presépio, que nos ensine a defender o nascituro. Celebrar o Natal é reconhecer e acolher o dom da vida que é sagrado!
A DIGNIDADE humana é outra lição do Natal. Além de reconhecer Jesus presente em nós e no outro, é preciso também criar condições para que cada pessoa seja respeitada em sua própria dignidade. É nessa perspectiva que devemos cuidar dos doentes, idosos, encarcerados, desempregados, deprimidos, migrantes, das pessoas em situação de rua e mulheres em situação de risco. Dessa maneira, viveremos o que disse Jesus: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
A PAZ é outro apelo que o nascimento de Jesus nos faz. Por que tantos homicídios e feminicídios? Por que tantas guerras, violência, ofensas e ressentimentos entre nós? Na mesma família os parentes se desentendem, os vizinhos não se saúdam e se distanciam uns dos outros. Natal é tempo de acolher Jesus, Príncipe da paz. Por isso, somos chamados a promover a reconciliação e a paz na família e em todos os ambientes.
O MUNDO precisa de um presente de Natal! Necessitamos de mais diálogo, perdão, solidariedade, respeito à vida e à dignidade da pessoa humana. Há muito egoísmo e desigualdade social. Natal é tempo de esperança! Vamos renovar nossa confiança de que é possível viver esses valores humanos, éticos e espirituais. Assim, a celebração do Natal será sinal e prova de que Jesus nasce de novo em nosso coração e em nossas famílias. Feliz Natal!
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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