Navalny, de 47 anos, ganhou fama há mais de uma década ao satirizar o presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção por parte do governo. Ele se candidatou à presidência, mas teve sua candidatura proibida. Além disso, nos últimos três anos, sofreu envenenamento, realizou greve de fome e foi dado como desaparecido. O governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte.
O opositor russo Alexei Navalny morreu nessa sexta-feira (16) na prisão, após se sentir mal, informou o serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, na região ártica da Rússia, onde ele cumpria pena há cerca de três anos.
O Serviço Penitenciário Federal disse em comunicado que Navalny perdeu a consciência durante uma caminhada. Segundo a agência norte-americana Associated Press, uma ambulância chegou para tentar reabilitá-lo, mas não conseguiu.
Não houve confirmação imediata da morte de Navalny por parte de sua equipe. O governo russo disse não ter nenhuma informação sobre a causa da morte.
O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, afirmou estar “profundamente entristecido e perturbado” pelos relatos da morte de Navalny e exigiu que a Rússia esclareça as circunstância do ocorrido.
Navalny, de 47 anos, era um ex-advogado que ganhou fama há mais de uma década ao satirizar a elite do presidente Vladimir Putin e fazer acusações de corrupção por parte do governo. Na década de 2010, por exemplo, ele liderou um movimento contra Putin que levou milhares de pessoas às ruas do país.
Ele foi detido por forças russas em janeiro de 2021 após retornar da Alemanha, onde foi tratado por uma suspeita de envenenamento. À época, Rússia negou ter tentado matá-lo (relembre mais abaixo).
Desde então, Navalny recebeu três sentenças de prisão, todas as quais rejeitou por terem motivação política. Ao todo, ele foi sentenciado à prisão até completar 74 anos — ou seja, por mais de 30 anos — por acusações que, segundo ele, foram forjadas para mantê-lo afastado da política.
Ele chegou a anunciar sua candidatura presidencial, em 2016, para em seguida criar uma rede de comitês eleitorais, de Kaliningrado até Vladivostok. Porém, a Comissão Eleitoral Central da Rússia informou que ele não poderia concorrer devido a uma condenação na Justiça.
À época, ele foi considerado culpado de fraude e recebeu uma sentença de cinco anos de prisão.
Vale lembrar que Putin é conhecido por reprimir seus opositores, tanto que muitos críticos a seu governo fugiram ou foram presos. Sempre que o atual presidente russo falava de Navalny, fazia questão de nunca mencionar o ativista pelo nome, referindo-se a ele como “aquela pessoa” ou expressão semelhante, num aparente esforço para diminuir a sua importância.
Em 2018, após a proibição da candidatura de Navalny, milhares de pessoas protestaram em toda a Rússia contra a eleição na qual o atual presidente, Vladimir Putin, foi eleito pela quarta vez. A manifestação chamada de “greve de eleitores”, foi convocada por Navalny.
Tentativa de envenenamento
Enquanto cumpria pena de prisão em 2019 por envolvimento num protesto eleitoral, Navalny foi levado ao hospital com uma doença que as autoridades disseram ser uma reação alérgica, mas alguns médicos afirmaram que parecia ser um envenenamento.
Um ano depois, em 20 de agosto de 2020, ele ficou gravemente doente durante um voo da Sibéria para Moscou, onde participaria de um evento ao lado de opositores de Putin. Ele desmaiou no corredor ao voltar do banheiro, e o avião fez um pouso de emergência na cidade de Omsk, onde passou dois dias em um hospital enquanto apoiadores imploravam aos médicos que permitissem que ele fosse levado à Alemanha para tratamento.
Uma vez na Alemanha, os médicos determinaram que ele tinha sido envenenado – com um material semelhante ao que quase matou o ex-espião russo Sergei Skripal.
Navalny ficou em coma induzido por cerca de duas semanas, depois trabalhou para recuperar a fala e os movimentos por mais algumas semanas. A Rússia negou qualquer envolvimento no envenamento.
Greve de fome
Após se recuperar do envenenamento, ele foi preso, em 2021. E enquanto estava cumprindo a sentença, sua advogada, Olga Mikhailova, informou que estava preocupada com a saúde de Navalny. Segundo a defensora na época, ele se queixou de dores nas costas e pernas durante uma visita.
“Para mim, seu estado de saúde é, claro, extremamente problemático”, afirmou em entrevista à televisão russa. “Todos tememos por sua vida e por sua saúde.”
Além disso, a defesa de Navalny denunciou que seu cliente tem sofrido privação do sono pelos guardas da instituição, o que eles classificaram como uma tortura.
Pessoas próximas ao opositor russo também se mostraram preocupadas na época com seu estado de saúde. Isso porque o opositor russo decidiu entrar em greve de fome enquanto estava preso em Moscou.
Ele tratamento adequado para sua dor nas costas e dormência nas mãos e nas pernas.
Fonte:g1.globo.com
Foto de arquivo mostra Alexei Navalny durante protestos em 29 de fevereiro de 2020 — Foto: Pavel Golovkin/AP