A mentira se apresenta de muitas maneiras, desde a mentira infantil, a mentira social, a mentira política e, até muitas estatísticas são enganadoras. Têm pessoas que mentem para obter um emprego, para encobrir um erro cometido, para embelezar um relatório, para manchar a reputação de alguém e para encobrir outras mentiras. A mentira sempre prejudica alguém, por isso, nunca se deve mentir!
O QUE SE VÊ, na verdade, são mentiras de pais para filhos e de filhos para pais, de políticos para eleitores, de governantes para governados, de empregadores para empregados e vice-versa. Mentiras de advogados, de meios de comunicação e de grupos religiosos com promessas de cura e prosperidade. Há, também, aqueles que mentem pela incoerência entre aquilo que dizem e aquilo que fazem. E, mentem tanto, que acabam enganando a si mesmos.
MUITOS PAIS mentem para os filhos. E, psicólogos afirmam que as mentiras terão graves consequências mais tarde. Por vezes, os pais tentam justificar-se: é para o bem dos filhos. Mas, os resultados são péssimos. A credibilidade dos pais começará a diminuir. Mais ainda: a criança aprende a mentir com os pais. “Se os meus pais mentem, eu posso mentir também”, pensa a criança. E depois, se revolta, quando é castigada pela mentira que aprendeu dos pais.
É NORMAL a criança fazer perguntas para os pais e eles não terem respostas. É muito melhor dizer simplesmente, “não sei” – do que apelar para a mentira. A criança aceita com naturalidade que existem coisas que os pais não sabem. Também aceita, que seus pais possam se enganar. Isto não lhes tira a confiança, pelo contrário, a criança chega à conclusão que os pais são tão honestos, que admitem quando não sabem ou quando erram.
HÁ UMA MENTIRA extremamente perigosa. É quando os pais não fazem aquilo que querem que seus filhos façam. Isso significa que suas próprias vidas são mentiras ambulantes. Eles estão ensinando aos filhos a duplicidade e os resultados negativos virão. A verdade – por vezes – traz pequenos problemas, mas a mentira cria problemas maiores. E, quase sempre, precisamos de novas mentiras, para justificar a primeira.
O EVANGELHO tem uma receita: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). A conclusão contrária é válida: a mentira vos fará escravos. Portanto, “Se queres possuir a verdadeira vida, afasta a tua língua da maldade e teus lábios de palavras mentirosas. Evita o mal e faze o bem, procura a paz e vai com ela em seu caminho” (Sl. 33,14-15). “Feliz de quem caminha na justiça, diz a verdade e não engana o semelhante” (Is. 33,15).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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