Neste dia 12 de outubro celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e o Dia das Crianças. Boa coincidência, porque Maria é mãe e, mãe lembra criança. Não há criança sem mãe e a maternidade se realiza no gerar, dar à luz, garantir amor, meios de sobrevivência, formação humana e religiosa à criança gerada. Maria é mãe de Jesus e nossa mãe. Ela sempre quer conversar com seus filhos.
EM FÁTIMA, Lourdes, Guadalupe… Nossa Senhora, em suas aparições, comunicou mensagens aos videntes. Em Guaratinguetá-SP, porém, não transmitiu nenhuma mensagem, mas, sua imagem nos trás diversos ensinamentos: A imagem retirada das águas recorda o nosso Batismo. Foi colocada dentro de uma barca que é símbolo da Igreja de Jesus. A cabeça vem separada do corpo e representa, simbolicamente, o Povo de Deus como corpo e o Cristo como cabeça. Tem as mãos postas em oração, convidando-nos a rezar.
A COR NEGRA da imagem traduz a solidariedade de Maria com a raça negra, tão injustamente escravizada. Sua cor denuncia o preconceito racial e anuncia esperança de liberdade. A imagem foi pescada por três trabalhadores pobres. A pesca milagrosa os liberta da ameaça dos poderosos e a casa de um deles torna-se a primeira igreja da Santa. Os lábios entreabertos revelam um doce sorriso. É o sorriso da bondade materna que alimenta nossa esperança na misericórdia de Deus.
NA FESTA de Nossa Senhora Aparecida, comemoramos também, o Dia das Crianças. No Brasil, boa parte delas, desfruta de um lar, alimentação saudável, escola, lazer e formação religiosa. Mas, é também uma data oportuna para ter presente a situação de milhares de crianças que são exploradas no trabalho, vivem com os pais em favelas, são prostituídas, usadas no tráfico de drogas, sofrendo violência dentro e fora de casa e roubadas em seu direito de ir à escola. Há milhares de crianças, cujo direito de nascer é roubado.
O ESTATUTO da Criança e do Adolescente (ECA) foi aprovado, há mais de trinta anos onde constam os direitos da criança e do adolescente e os deveres da família, da sociedade e do governo. Assumir e lutar pela sua efetividade é uma legítima ação de cidadania. Lutar pela plena vigência desse Estatuto é, portanto, uma ação iluminada pela solidariedade que deve ser assumida pelos partidos políticos, sindicatos, organizações não governamentais e Igrejas.
PORTANTO, na celebração da festa da Padroeira do Brasil e no Dia das Crianças, com fé e confiança apresentemos nossos pedidos: Senhora Aparecida, livrai-nos de todos os males; protegei as crianças, os adolescentes, os jovens, as pessoas idosas, as famílias e o povo brasileiro. Dai-nos a graça de continuar atendendo ao pedido feito aos serventes nas Bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
di.vianfs@ig.com.br