A insegurança alimentar grave caiu 23% em 2024, mas ainda afeta principalmente crianças, jovens, mulheres e domicílios pobres.
O número de pessoas que vivem em lares com insegurança alimentar grave — ou seja, que enfrentam a fome diariamente — caiu 23,5% em 2024. Em termos absolutos, dois milhões de brasileiros deixaram a fome em apenas um ano, passando de 8,47 milhões em 2023 para 6,48 milhões em 2024.
Os dados fazem parte do levantamento sobre Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado nesta sexta-feira (10) pelo IBGE, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Segundo Maria Lúcia Vieira, pesquisadora do IBGE, a insegurança alimentar moderada ou grave chegou ao menor nível desde 2004, quando teve início o levantamento. (leia mais abaixo)
🔎 O IBGE define insegurança alimentar grave como a situação em que há falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos, incluindo crianças e adolescentes, transformando a fome em uma experiência vivida no domicílio.
O cenário atingiu cerca de 2,5 milhões de famílias, segundo o IBGE. Essa foi a primeira pesquisa oficial sobre insegurança alimentar desde a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017/2018 — ou seja, desde antes da pandemia de Covid-19.
Quando considerada a insegurança alimentar moderada — caracterizada pela falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos — o número de pessoas afetadas caiu para 9,795 milhões em 2024, ante 11,662 milhões em 2023.
Embora a fome tenha diminuído, 18,9 milhões de famílias ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar — número que representa uma redução de 2,2 milhões de lares em relação a 2023.
Proporcionalmente, a parcela de domicílios nessa condição caiu de 27,6% para 24,2%, mostrando que quase um em cada quatro lares ainda vive com insegurança alimentar. Em contrapartida, a proporção de domicílios em segurança alimentar aumentou de 72,4% para 75,8%.
Proporção é maior no Norte e Nordeste
As regiões com mais domicílios em insegurança alimentar são o Norte (37,7%) e o Nordeste (34,8%), sendo que o nível mais grave chegou a 6,3% e 4,8%, respectivamente. Nas outras regiões, os índices foram menores: 20,5% no Centro-Oeste, 19,6% no Sudeste e 13,5% no Sul.
No Norte, a proporção de domicílios em situação grave foi quase quatro vezes maior que no Sul, que tem a menor taxa (1,7%).
Em números absolutos, o Nordeste tem mais domicílios afetados (7,2 milhões), seguido pelo Sudeste (6,6 milhões), Norte (2,2 milhões), Sul (1,6 milhão) e Centro-Oeste (1,3 milhão).
Entre 2023 e 2024, a maioria dos estados apresentou melhora na insegurança alimentar, com exceção de Roraima, Distrito Federal, Amapá e Tocantins, que registraram aumento. Nove estados tiveram menos de 20% dos domicílios nessa situação, incluindo Santa Catarina e Espírito Santo.
Fonte:g1.globo.com