Após três anos, o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), decidiu reduzir a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,5 ponto percentual. O índice estava a 13,75% desde agosto do ano passado e, agora, foi a 13,25% ao ano.
O Copom justificou a queda de 0,5 ponto percentual com o cenário doméstico, que seria consistente com a expectativa de “desaceleração da economia nos próximos trimestres”.
O ambiente externo, no entanto, “mostra-se incerto, com alguma desinflação sendo observada na margem, mas em um ambiente marcado por núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países”, segundo a nota.
O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária.Copom, em nota
A redução era praticamente uma certeza entre economistas, que divergiam apenas em quanto a taxa seria diminuída — alguns acreditavam em 0,25, enquanto outros apostaram em 0,5.
Pressão do governo
O presidente Lula (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pressionavam pela redução do índice desde o começo do governo. Hoje, eles reforçaram a pressão, com Lula afirmando que Campos Neto, presidente do BC, “não entende de Brasil” e “de povo”
Haddad, por sua vez, disse que a queda “certamente” ocorreria hoje. Após falar que há “espaço para um corte razoável”, o ministro afirmou que esperava um corte de 0,75 ponto percentual.
Antes da reunião de junho, entidades do setor produtivo e financeiro se juntaram à pressão feita pelo governo para apoiar a redução urgentemente.
Hoje, Campos Neto discursou em sessão solene na Câmara e citou a importância da lei de autonomia do BC, que impede o órgão de ter que ceder a demandas do governo.
Mudança no ambiente econômico
Após um semestre de pressões, a gestão de Lula apostava que a aprovação de Gabriel Galípolo, ex-número 2 de Haddad na Fazenda, e Ailton Aquino na diretoria do BC finalmente viraria a pauta a favor do corte da Selic.

A decisão não foi unânime. Galípolo, Aquino e Campos Neto votaram pela redução de 0,5.
Fonte:economia.uol.com.br
Foto: Adriano Machado/Reuters