Durante os festejos juninos de 1952, o município de Caldas de Cipó, localizado a 136 km de Feira de Santana, estava lotado, por conta da inauguração do Grande Hotel Caldas de Cipó. Apesar da grande importância do local, que recebeu à época a comitiva do então presidente Getúlio Vargas e tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) em 2008, o hotel atualmente encontra-se abandonado sem perspectiva de restauração.

Em entrevista ao Conectado News, o diretor municipal de Cultura, José Carlos Paulo da Silva, contou maiores detalhes acerca da história do local.

“O Grande Hotel Caldas de Cipó que demorou 10 anos para ser construído, na época da sua inauguração tivemos a presença do então presidente Getúlio Vargas e a cidade ficou por um dia como área de segurança nacional, o que nos deixa numa posição privilegiada de citar sempre esse fato em nossa cidade, paralelo a isso, também veio para a inauguração um dia antes, o então vice presidente João Café Filho que não ficou hospedado com Getúlio no hotel, ele tinha um amigo aqui no município, Getúlio veio, ficou hospedado no quarto andar do hotel e João Café Filho foi para casa de amigos, o interventor à época, o prefeito da cidade, Getúlio veio com sua comitiva, foram mais de 10 aviões participar desse grande evento da inauguração do Grande Hotel e o que mais nos honra também foram as presenças de João Guimarães Rosa, que também fez parte dessa comitiva, que estava aqui na região, veio vestido à caráter, de vaqueiro, o escritor Assis Chateaubriand, que também tem uma parcela muito grande de contribuição para o município de Cipó. O que sinto como cidadão cipoense, é não vermos por exemplo um busto de Guimarães Rosa, uma estátua de Getúlio Vargas, ou uma placa em alusão aquele dia festivo e também com a presença de Assis Chateaubriand. Os 417 municípios do interior da Bahia tem a sua importância, mas receber um presidente da república, para mim foi um marco histórico, que daqui a 500 anos se existirmos na história, este acontecimento em Caldas de Cipó será lembrado, o que nos deixa muito honrados”, disse.
Restauração na década de 80 e incêndio que abalou a estrutura
“Na década de 80 houve uma restauração feita pelo então governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, e assim, o hotel voltou a funcionar, depois parou novamente por conta da proibição dos jogos de azar, o fluxo de turistas foi se esvaindo, não tinha mais a proporção de antigamente, e foi caindo em desuso, o prédio já foi do BANEB, da Secretaria da Fazenda do Estado, porque na época tinha o glamour, imagina um elefante branco deste em pleno sertão, o privilégio que temos aqui, e aí, foram esquecidos, dispensando algumas coisas, o teto ruiu, uma pessoa viu um enxame de abelhas e tomou a ação de queimar as abelhas, e acabou por incendiar a parte de cima, causando o desmoronamento total. Para revitalizar, não sei quantos milhões seriam necessários para reconstruir esse equipamento, mas acredito que o poder público no que se refere ao município não tem condições de fazer isso, se não houver uma parceria com o governo do Estado, já se falou até em ceder esse espaço para uma faculdade, mas ficou na conversa, acredito que o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia) deveriam se juntar, os três entes da federação, município, Estado e União, para chegar a um consenso para ver o que pode ser feito, porque se continuar desse jeito a tendência é sobrar apenas as estruturas, que apesar de serem sólidas em um determinado momento podem não resistir a ação do tempo”, contou.

Fonte: www.conectadonews.com.br
Foto Reprodução:Gilvan Franklin