A Justiça do Rio absolveu todos os réus do caso do incêndio no Ninho do Urubu, onde morreram 10 adolescentes atletas do Flamengo em 2019. A decisão saiu nesta terça-feira (21) na 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital e é assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros.
O pai de Bernardo Pisetta, um dos 10 adolescentes que morreram no incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo na Zona Sudoeste do Rio, destacou na manhã desta quarta-feira (22) que o sentimento é de indignação com a absolvição dos réus. A decisão saiu na terça-feira (21) na 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que a Promotoria de Justiça junto à 36ª Vara Criminal vai recorrer da decisão judicial.
“É uma indignação muito grande, é um sentimento de impotência. A gente se sente um lixo. São os nossos filhos. E alguém tira a vida dos nossos filhos, e nada acontece. Isso não é justo. Não tem cabimento. Ficamos sem palavras. É revoltante”, afirmou Darlei Pisetta.
Bernardo tinha 14 anos quando morreu e era goleiro de um dos times da base do Flamengo. A família é de Santa Catarina, e o adolescente havia ido morar no Rio de Janeiro para viver o sonho de ser um jogador de futebol profissional.
“Não é um movimento natural de vida enterrarmos um filho. Geralmente são as pessoas mais velhas. Não foi fácil, não está sendo fácil para nós. A gente vai vivendo sim, tem que continuar vivendo, até porque temos outro filho, nora, netos e nossos pais. O Bernardo era muito bem provido disso”, disse o pai do goleiro.
Ele afirmou que as feridas do caso seguem vivas. “Mas todos nós estamos sofrendo, principalmente quando vem um tipo de notícia dessas, que nada foi feito. É muito angustiante isso”, completou.

Quem são os 10 garotos mortos no incêndio do CT do Flamengo — Foto: Arte/G1
‘A Justiça do Brasil é injusta’
Andreia Candido, mãe de Christian Esmério, de 15 anos, do Rio de Janeiro, conta que passou a noite em claro pensando na decisão. Disse que quer recorrer e que vai lutar por Justiça até o último dia da vida.
“Tenho a certeza de que a Justiça do Brasil é injusta. A gente, como familiar, sabia que era provável que isso fosse acontecer. Mas tinha fé de que a justiça dos homens seria feira”, afirmou Andreia.
Ela questiona a decisão e afirma que daria tudo para ter o filho caçula ao lado dela novamente.
“Eu quero justiça. Não é justo. É revoltante receber uma notícia de que não tem provas, de que a perícia foi inconclusiva. Só falta dizer que nossos filhos foram culpados. Não é algo que não poderia ser evitado”, disse Andreia.
Ela questiona a decisão e afirma que daria tudo para ter o filho caçula ao lado dela novamente.
“Eu quero justiça. Não é justo. É revoltante receber uma notícia de que não tem provas, de que a perícia foi inconclusiva. Só falta dizer que nossos filhos foram culpados. Não é algo que não poderia ser evitado”, disse Andreia.
A mãe de Christian conta que segue vivendo porque o filho de 15 anos não gostaria de vê-la se entregar. “A minha vida é um caos. É sobreviver pós. É tentar, a cada dia, arrumar motivos para seguir. Meu filho não gostaria de me ver chorando, triste”.
Fonte:g1.globo.com